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    Num cantinho do Pico

 

Há quase trinta anos que por aqui me não demoro além de escassas horas.

Este ano resolvi por cá ficar alguns dias junto dos filhos que neste rincão maravilhoso construíram suas vivendas. E cá me encontro nesta velha”adega”, datada de 1858, sem barricas nem vinho, pois só lhe resta o velho lagar onde eram prensadas as deliciosas uvas do velho verdelho.

Já por cá não estão os antigos veraneantes. No outeiro da Engrade, ficava a adega do sr. João Lacerda e esposa, D. Maria Amália de Castro. Um pouco abaixo, na vereda que vai para a baía da Engrade, era a adega do sr. João Soares e da D Ana de Jesus Serpa, distinta professora que foi da Freguesia da Piedade. E, já agora, recordo outros “vizinhos”: Manuel Gomes e a figueira que dava saborosos figos pretos. Junto ficava a adega do José Laranjeira e da Emilinha, agora em reconstrução. Um pouco além, a adega do sr. José Patrício, depois do José Feijoco, já um pouco decaída. Por cima era a adega da Maria Laureana Camacho. Ao lado, as adegas do Antonico Manha, da Sra. Avelina e da Ermelinda. (O tratamento com que os trato agora era o que lhes davam naqueles recuados tempos). Nos anos sessenta, Francisco Melo Ferreira construíu uma adega onde a família passava a estação calmosa.

Na Engrade há novas adegas: do António Silva, das Lajes, há anos construída, do Leonel, do Rogério Brum, do Fernando Silva, e as residências do Manuel Candelária e do Manuel da Glória. As adegas do José Peixoto, a do Mangueira e do João Goulart, presentemente, pertencentes ao Rui Pedro, que nelas passa muitos dias do ano (aqui tem computador e daqui envia crónicas semanais para os jornais onde colabora). E outros irmãos construiram também: o António Manuel, o José Gabriel, a seguir o Carlos Emílio e está a ultimar-se a construção da vivenda da Helena Maria. Afinal, um pequeno bairro famliar, junto da “casa – mãe”, onde apetece estar para gozar da sua companhia nestes dias que restam...

A Engrade foi outrora lugar de grande produção dos afamados vinhos verdelho. Daqui partiam as barcas directamente para o Norte da Europa, carregando os tuneis do precioso nectar que um célebre padre para o Pico trouxe, em sua bagagem, quando para cá vieram os primeiros colonizadores enviados pelo Infante Dom Henrique. Durante centenas de anos o verdelho constituiu a riqueza da ilha e até da vizinha ilha de São Jorge, pois alguns dos seus habitantes tinham nesta Ponta da Ilha suas “Vinhas” que, anualmente, vinham explorar.

Com o aparecimento da filoxera, a meados do século XIX, desapareceu quase totalmente o Verdelho e, para o substituir, introduziu-se a “Izabele”, casta americana de grande produção mas de fraca qualidade. Depois apareceu a vinha “Madeira” também de fraca qualidade alcoólica mas boa para a fabricação da “Angelica”, bebida licorosa de óptimo paladar.

É o que resta da antiga prosperidede vitivinícola. Mas ficou o sítio, de clima reconfortante, de temperatura amena, onde apetece passar estes dias de canícola asfixiante, se outros imperativos da vida não obrigassem a outras estadias...

Aqui ao lado, fica, pelo Sul, a Manhenha, a vileta das cem adegas como lhe chamou Manuel Greaves, hoje um verdadeiro subúrbio da freguesia mãe, a Piedade, esta também em franco e notável desenvolvimento, onde já estão instaladas uma famácia, duas agências bancárias, a loja do cidadão, uma olaria, empresas de construção civil, de mecânica-auto, venda de veículos, uma bomba de combustíveis, estabelecimentos de comércio, hotelaria e restauração, uma peixaria, dois talhos, um posto de correio e, para breve, uma nova Escola Básica para os segundo e terceiro ciclos. Possui ainda uma residência de idosos da Sta Casa da Misericórdia das Lajes do Pico.

Na Piedade, o Posto Agrícola Matos Souto mantém-se com uma Direcção de serviços de conservação da natureza. Antigamente, existia: uma agência bancária, estação dos correios com posto telefónico ligado à sede, Posto do Registo Civil, médico municipal e algum comércio. Não tinha estrada mas um primitivo caminho de calçada à romana era a única via de acesso à sede do concelho ou da comarca. E tinha-se de levar horas para se chegar ao destino.

Hoje é tudo diferente. Dispõe, desde 1943, de uma óptima estrada que a liga à sede do concelho com carreiras de auto carros e, poucos anos depois, uma outra estrada de ligação a São Roque, além de uma rede de arruamentos e caminhos todos asfaltados o que permite um trânsito suave e rápido, não somente aos peões como às dezenas ou centenas de viaturas-auto de que dispõem os seus empreendedores habitantes.

Aqui fico com este deambular por um passado feliz e saudoso que não volta.

 


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